Não Consigo

“Eu não consigo, sabe?
Não por falta de empatia,
Apenas por não conseguir.
Eu não consigo olhar no olho da maldade,
E sentir pena.
Sentir que aquilo que não foi merecido.
Sentir que aquilo aconteceu porque era o certo,
O que tinha que acontecer.
Sentir piedade da bondade de gente ruim.
Me desculpem, mas não consigo.
Me cobro, na vã esperança dos dias que passam
De que um dia, eu vá sentir pena de gente ruim.
Que eu vá sentir empatia com quem não merece.
Que eu olhe e sinta: Mesmo sendo tão ruim,
Essa pessoa não mereceu.
Não, mereceu sim.
A consequência da nossa ruindade,
Da perversidade da alma não humana,
É o meu olho impiedoso.
Desculpem, mas ainda não consigo sentir piedade no olhar.”

Feito agorinha vendo determinadas coisas publicadas nas redes sociais alheias.

Tá, eu sei que é muita maldade, MAS eu nunca disse que prestei…

 

Abba, me ajude a melhorar.

 

Maria Clara ੴ

 

Esse lugar tem cheiro de morte

“Esse lugar tem cheiro de morte
Tem cheiro de vida se esvaindo
Devagar, em gotas gordas
Como quando eu tomo Tramal
E lentamente vou dormindo
Como que morta
Na cantilena suave das gotas de remédio
Tem cheiro de morte
Cheiro de éter, de lágrima
De desespero
De desesperança
Vejo os corpos cansados
Da batalha diária da vida
E me espanto, porque até neles
Tem esse cheiro de morte
Quando eu estou aqui
Eu sinto o cheiro da morte
Parece que a vejo nos corredores
Implacável, retirando a luz
Deixando tudo na sombra
Deixando o ar pesado
E ela, a morte
Com seu cheiro que apenas eu sinto
Me olha no fundo de suas órbitas vazias
E ri num sorriso cadavérico
Sabendo que um dia
Eu também irei ter cheiro de morte”

Feito agora, nas esperas do hospital com Sogra se tratando…

Abba, seja a vida.

Maria Clara

Ela é de Serpentário

tumblr_static_m“Lídia Caroline nasceu em 30 de dezembro de 1988. No ano da graça de 2016, Lídia Caroline irá fazer 28 anos. Ou seja, como ela mesma gosta de lembrar, “quase quase 30”.

Lídia sempre foi ligada nos signos. Não que ela acreditasse nisso. É que o signo se tornou uma desculpa pra todas as burradas (e acertos) de Lídia na vida. “Sou assim porque sou de Sagitário”, ela dizia.

Dizia.

Até que um belo dia Lídia descobriu o 13º signo, Serpentário. Descobriu que nasceu no 2º dia do signo novo, e como sempre amou uma novidade… Foi atrás de saber sobre sua nova desculpinha pra não sair na sexta com as amigas que diziam que uma sagitariana deveria ser mais alegre e mais baladeira do que ela.

Lídia se identificou imediatamente com as características dos “serpentárianos”. Lídia ficou encantada. Passou a se referir a si mesma como “a nova Lídia Caroline de Serpentário”. Há quem diga que ela endoidou de vez – nunca foi considerada muito normal, nem quis – mas Lídia não ligou. A nova Lídia é de serpentário. E como uma boa serpente, seguiu seu caminho sem ligar muito pra opiniões alheias. Lídia agora era de serpentário. Sempre foi. Como ela não tinha descoberto isso antes? Era tudo de bom ser de serpentário!

Mas vamos com calma. Vamos contar a vida de Lídia antes e depois da descoberta de seu lado serpente…

Lídia cresceu como uma criança quase normal. Seu pai era cardiologista, sua mãe era dona de casa. Era a mais nova de 3 irmãos – Lucas Carlos, Luciana Cristina e Lídia Caroline. Todos no LC. Em homenagem ao pai da Lídia, Luiz Carlos. Lídia cresceu quase normal em uma casa quase normal. Desde pequena Lídia amava ler e odiava estudar. Suas notas eram no máximo na média. Seus amigos eram sempre os “diferentes” da turma.  Para desespero de sua mãe, que sempre enxergou na filha uma louca desvairada andando em más companhias.

 – Por que você não é como seus irmãos, Lídia? Se espelhe nos mais velhos! Sempre andando com esses malucos, com essas notas! Como vai ser a Dra. Lídia assim? – Era o discurso quase diário de Mamãe, para uma Lídia desatenta que olhava com cuidado um livro antigo com pinturas de Picasso do pai. Ela amava Picasso.

Os irmãos de Lídia seguiram a carreira do pai. Lucas se formou neurologista e Luciana, em otorrinolaringologia. A melhor da turma! Orgulho da casa! E a Lídia?

Lídia Caroline Costa se formou (à contragosto) em Psicologia. Queria se formar em algo criativo – dança, música, teatro, arte… Claro que os pais (leia-se Mamãe) de Lídia foram contra essa loucura.

 – E você vai ganhar dinheiro como Lídia? Com a cara? Você não dança nem canta, fora que não toca nem caixa de fósforo! Não pinta nem parede!

 – Eu posso atuar então, Mamãe. Eu sou uma boa atriz, segundo o…

  -Segundo quem? Um daqueles malucos do seu cursinho de teatro? ATRIZ? No Brasil, Lídia? Você enlouqueceu de vez? Faça psicologia! Já que com essas notas, em medicina você não passa mesmo, não é?

 – Mas eu não quero ser médica, Mamãe.

 – E quem disse que psicólogo é médico Lídia? Médico é seu pai, médico são seus irmãos, que fizeram medicina. Psicologia é pra quem não tem culhões de ser médico. E pra gente doida, como você!

E depois dessa conversa, Lídia resolveu que não ia lutar contra a vontade da mãe. Apelar para o pai? Se ela conseguisse ficar acordada até ele chegar de seus plantões e “plantões”… Resolveu que ia fazer psicologia sem discutir. Depois de formada, foi trabalhar na clínica de um amigo do pai. Nessa altura, seus pais já haviam se divorciado. Foi Lídia que mostrou a mãe a foto de seu pai com uma das enfermeiras plantonistas. Eles tinham um caso há mais de 10 anos. Claro que Mamãe jamais perdoou Lídia por ter a prova daquilo que ela sempre desconfiou. E claro que Mamãe só fez análise porque Lídia conversou com uma professora que tinha um consultório. E claro que essas são águas passadas, não é Lídia?

O consultório de Lídia era tão misterioso quanto ela. Austero,  misterioso, pouco iluminado, sempre numa penumbra, mas com grande janela que dava para uma pracinha cheia de criancinhas brincando e velhinhas alegres caminhando devagar. Era enfeitado com belas obras de arte – de artistas completamente desconhecidos que ela conhecia em vernissages e exposições de seus amigos “alternativos demais” como dizia Mamãe – e esculturas de um ex-namorado que foi morar na Alemanha, porque Lídia era “um mito, uma medusa, um mistério insondável demais” ou porque ele tinha se apaixonado por Mariele, uma alemã que ele conheceu em outra vernissage dos amigos alternativos da própria Lídia. Casou-se com ela e hoje vivem na Holanda, criando lindas esculturas e fumando maconha em um apartamento em cima de uma loja de requinte. Eles tem 2 filhos. A menina se chama Lídia.

Lídia tinha alguns clientes “padrão”, como ela dizia. Tinha seu Aguiar, depressivo. Tinha dona Marlene, com TOC por limpeza. Tinha Isadora, síndrome do pânico. Tinha Manuela, com mania de perseguição. Tinha Bernardo/Augusto, transtorno bipolar. Ela sabia quem estava na sala pelas roupas. Bernardo era sóbrio e Augusto só não vinha completamente nu para as consultas porque ela já tinha advertido.

E tinha Nicolas.”

Essa é uma série de contos. Nicolas vai ficar pra outro dia.

Espero que vocês amem Lídia como eu amei escrever sobre ela. Sei que demorei pra voltar a escrever, mas essa vida de adulto, crianças… É complicada por demais.

Abba, continua me protegendo do mal que eu mesma me faço.

Maria Clara

Acerca de ser cristã e feminista

“I know when you were little girls
You dream of being in my world
Don’t forget it, don’t forget it
Respect that, bow down b…
I took some time to live my life
But don’t think I’m just his little wife
Don’t get it twisted, get it twisted
This my s…
Bow down b…” (Beyoncé – Flawless)

 

Olá meus amores!!!

Estavam com saudadinhas? Eu sei que sim. 😉

Eu tava vendo minha timeline do facebook (que é um exercício maravilhoso para estimular a minha inspiração de textos e poemas) e notei que o termo “feminista” anda aparecendo com uma constância que chega a ser… preocupante.

Também notei que o termo “machista cristão” e alusões à um machismo que vem do cristianismo, especialmente o protestante, vem aumentando muito.

Preocupante.  Mas como eu não sou de ficar sem dar o meu pitaco…

Enfim, eu sou cristã. Vocês já sabem disso melhor que ninguém; se você chegou aqui agora, fica logo sabendo. Eu sou cristã protestante e sou membra da Igreja do Nazareno há 15 lindos anos. Defendo uma fé racional, um Cristo que ama, ensina, que é justo e soberano. Aprendi nessa igreja que ser cristão é, acima de tudo, buscar amar as pessoas como Cristo amou. Ele não pediu que as pessoas mudassem antes de encontrá-Lo, mas que fossem ao seu encontro do jeito que estão. Aprendi sobre a graça de Deus, que se estende para todo o mundo, independente de raça, credo, cor, sexualidade… Tem lugar pra todo mundo no amor de Deus.

E sou feminista. Aprendi que as mulheres merecem respeito, que nossa sociedade patriarcal desmerece a mulher, coloca ela num lugar de desonra, vergonha de ser mulher. Que a mulher “merece” ganhar menos, ser desvalorizada por “frescuras” como cólicas e gravidez, que “merece” ser estrupada, violentada, humilhada.  E nunca aceitei. O empoderamento da mulher, termo tão em voga hoje em dia, aprendi logo cedo. Numa casa feminina, de mulheres nordestinas. O empoderamento da mulher já chegou no Nordeste há muito tempo. Veio com as índias, as vaqueiras, as cangaceiras e as muitas mulheres poderosas, batalhadoras, que lutaram pelos direitos umas das outras.

Não posso conceber que alguma mulher seja cristã e não seja feminista. Perceba que o feminismo, como filosofia, não é dar tudo às mulheres e humilhar os homens. Não é transformar o empoderamento da mulher em independência total do relacionamento com homens, mas sim, dar à mulher o valor que ela realmente tem. Como diz sabiamente a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adiche na conferência TEDxEuston:

“Nós ensinamos as meninas a se retraírem para diminuí-las. Nós dizemos para as garotas: você pode ter ambição, mas não muita. Você deve ser bem sucedida, mas não muito. Caso contrário, ameaçará o homem. Porque eu sou uma fêmea, esperam que eu deseje me casar, esperam que eu faça as minhas próprias escolhas na vida sempre tendo em mente que o casamento é o mais importante.

O casamento pode ser uma fonte de alegria, amor e apoio mútuo, mas por que ensinamos às garotas a aspirar o casamento e não ensinamos a mesma coisa aos meninos? Educamos as garotas a se verem como concorrentes, não por emprego ou por realizações – o que eu penso que pode ser uma coisa boa -, mas sim pela atenção dos homens. 

Feminista: a pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos.”

Feminista é alguém que deseja que seus meninos sejam criados para serem bons maridos da mesma forma que suas meninas. Que seus meninos entendam que as mulheres são suas iguais. Que devem ser amadas. Respeitadas. Que devem ter sua carreira, se quiserem. Que devem ter filhos com eles, se elas quiserem. Que podem e vão escolher como serão suas vidas na sociedade assim como os meninos. Não, feminismo não é ensinar as meninas a odiar os meninos. Mas ensinar que elas não são piores que os meninos apenas pelo fato de serem meninas.

O pastor da igreja que frequento, Pr. Alcimar, pregou num casamento certa vez utilizando de uma metáfora sobre a criação da mulher segundo a Bíblia. Ele disse que “a mulher foi criada da costela do homem, pra que fosse uma igual com ele. Da costela, para que ficasse ao seu lado, nem abaixo, nem acima”. Essa frase, dita pelo pastor ao novo casal, marcou minha mente. Deus criou a mulher da costela do homem. Para que fosse uma “companheira idônea”, ou seja, igual a ele. Nem abaixo, nem acima.

Em toda a Bíblia, vemos o cuidado de Deus com as mulheres. Sim, é possível ver o machismo presente em uma sociedade patriarcal. Mas como um Deus como esse pode ser machista se Ele se preocupa com uma mulher como Ana, que era estéril? Ou ainda usa uma mulher como Ester para salvar o povo hebreu de um genocídio? E se esses exemplos não forem suficientes, Cristo vem e mostra o amor de Deus para as mulheres. Cristo se preocupou com o nervosismo de Marta com as tarefas domésticas. Cristo ouviu as dores da mulher samaritana. Ele ia até as mulheres, curava suas dores, suas feridas, impedia que fossem apedrejadas, repudiadas, abandonadas. Cristo nos ensinou a cuidar das viúvas, das leprosas, das desquitadas, das “amigadas”, das prostitutas e de todas aquelas mulheres que os religiosos desprezaram.

Foi para uma mulher que a notícia da ressurreição de Cristo foi dita pela primeira vez. As mulheres acompanharam Cristo do seu nascimento até sua morte e ressurreição.

Como alguém que se diz cristã pode ser machista?

Como alguém que se diz seguidor do Cristo que andou e amou as mulheres, em especial aquelas que ninguém queria estar perto, pode ser machista?

Não compreendo. Cristo ensina que todos são iguais perante Deus. Independente de sexo. A Bíblia ensina que o marido deve amar sua esposa como Cristo ama a igreja. Cristo morreu por todos, e ressuscitou por todos. Então, porque alguém que o segue quer humilhar, desprezar, violentar, enfim, maltratar as mulheres por quem Cristo morreu? As mesmas que o próprio Cristo ensinou a amar? Respeitar? Honrar?

Sou cristã e feminista, porque acredito no amor de Deus para todas as pessoas. Sou cristã e feminista, porque acredito na igualdade dos sexos. Acredito que os homens devem ser criados não para idolatrar as mulheres, ou se humilhar perante elas, mas sim, respeitá-las, honrá-las e ama-las. Não existe “machismo cristão”. Existe “machistas” que se dizem cristãos. Quem não respeita a mulher jamais pode ser seguidor de Cristo. Quem não tem graça e amor para com os outros, independente de quem seja, do que seja, não pode se dizer seguidor de Cristo. E quem não segue Cristo, não pode, de maneira alguma, se dizer cristão.

Da próxima vez que você ver alguém (homem ou mulher) esbravejando machismos e absurdos contra mulheres, ou contra homens, se dizendo “cristã (ão)”, não acredite nessa crença.  Manda essa pessoa ir ler uma Bíblia. Ou lavar uma pia de louça. Porque com certeza essa pessoa não tem mesmo o que fazer.

Abba, Pai de Amor, Tu és bem-vindo.

Maria Clara

Acerca das Ovelhas Negras e Suas Peculiaridades

tumblr_n59i3rH6711sj2glao1_500“Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra
E água fresca
Meu Deus
Quanto tempo eu passei
Sem saber
Foi quando meu pai me disse
Filha você é a ovelha negra
Da família
Agora é hora de você assumir

E sumir
Baby Baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby Baby
Não vale a pena esperar
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar” (Ovelha Negra – Rita Lee)

Olar seus lindos!

Todos lindos?

Eu não disse que eu ia voltar? Vocês que não me levam à sério (Nem eu me levo, porque vocês levariam, né mesmo? kkkkkkk).

Essa semana…

Cara, essas semanas…Que semaninhas, viu?

Compreendam que as semanas tiveram seus prós e contras, porém, já podia acabar esse ano né? Já podia…

Mas deixando de divagar e falando do assunto…

Bom, o que afinal é uma “ovelha negra”?

Segundo a Wikipédia, “ovelha negra”, “é um termo utilizado para classificar algo ou alguém como diferente, como fora dos padrões. Se um grupo (família, escola etc.)tem um comportamento regrado (sejam elas implícitas ou explícitas), e algum indivíduo membro deste grupo apresenta conduta diferenciada, e mesmo transgressora, ele pode ser mal-visto e até mesmo tido como a “ovelha negra””.

Traduzindo, aquela pessoa que não quer ter “aquela velha opinião formada sobre tudo”. 😉

Mas por que eu tava pensando nisso?

Aconteceu quando eu tinha 13, 14 anos. Eu tinha acabado de conhecer a igreja, estava com o primeiro amor queimando na cabeça e no coração. Quem conhece, sabe.

Bom, estava eu no carro do meu pai. Ele tinha saído de um churrasco da família onde ele ia beber todas e mais algumas pra me deixar no culto. Ou seja, estava bravo, irritado, e ligeiramente #xatiado por sair da sua festinha pra me deixar em qualquer lugar, avaliem na igreja (que não era nada perto).

Daí toca no rádio essa música da Rita Lee. E me olhando, o meu pai solta: Essa música é pra você. Você é a ovelha negra da nossa família.

Na hora eu nem dei importância pro que ele disse, estava irritada com ele também… E aposto que o meu pai nunca jamais se lembra que me disse isso. Mas que ele saiba o quanto foi importante, por aqui.

Porque o que importa não foi o que ele quis dizer com a frase, mas o que ele realmente disse. A escolha das palavras.

Você é a ovelha negra da NOSSA família. Ou seja, da minha e da dele.

Mal sabe ele o quanto eu vim a amar isso.

Eu nunca fui igual às outras crianças. Eu gostava de coisas que as crianças da minha turma, de todas as turmas, de todas as escolas, não gostavam. Eu realmente gostava de estudar, de ler. Eu ouvia rock, letras em inglês, música dos anos 80. Eu cresci sendo diferente das pessoas. Do resto do meu rebanho. Eu me descobri ovelha negra de nascença. Diferente sempre.

E Deus sabe o quanto chorei pra ser igual ao resto.

Queria ser como aquelas pessoas que gostam de todo mundo. Aquelas que serão seus amigos, mesmo que você não queira. Tenho um amigo assim, e chega a ser constrangedor o quanto ele se esforça pra ser o melhor amigo de todas as pessoas. É tanto amor pra dar pras pessoas, tanto desprendimento. Eu juro que queria ser assim. Mas é muito difícil para nós, ovelhas negras, gente que a vida surrou de uma maneira tão forte, tão violenta, que vivem acuadas no canto. Desconfiadas. É complicado para nós, que não vemos o bom e o melhor do mundo.

Mas não somos assim. Nós, as ovelhas negras, andamos na contramão. Somos responsáveis por tudo de belo no mundo! Sim, nós mudamos governos, sociedades, cidades, culturas, artes. Não nos conformamos. Não aceitamos. Se todo mundo quer “A”, nós queremos “C”. Por que é mais certo? Nem sempre. Apenas porque queremos. Somos cheias de nossas vontades, e corações.

Eu quis ser aquelas pessoas boas. Que tem corações tão grandes que suas próprias revoluções internas não se exteriorizam. Quis ser aquelas pessoas de espirito inabalável, de tamanha força que nada consegue ferir. Quis ter a força de mil soldados. Quis ter a fanática mania de organização da minha mãe, ou a vaidade festeira da alma do meu pai, ou ainda o coração crente nas pessoas da minha avó. Quis ser igual as minhas amigas, e pensar apenas no meu futuro marido e nos panos de prato da minha casa.

Mas não consegui. Me perdoem, mas quando tentei, parecia que estava vestindo um casaco pequeno demais pra mim. Não me serviu. Era sufocante, falso. Aterrador até.

Nós, ovelhas negras, sofremos. Apanhamos. Nascemos com a sina da diferença do mundo. Aliás, corrijo: Não nascemos, estreamos. Já percebeu que temos um quê de artistas? E no palco da vida, somos como a mocinha das novelas mexicanas. Choramos, sofremos, mas no final, nos vingamos (#Brinks). Na verdade, invés de vingança, vivemos. Nos penduramos no lustre, dançamos como se o mundo fosse acabar amanhã. E somos alegres (na maioria dos dias).

Não pensem que isso de ser uma ovelha negra é de todo ruim. As porradas da vida tiveram e tem seu valor – fortaleceram minha alma, me deixaram esperta. Sagaz mesmo. Ninguém me engana fácil, a não ser que tire um acerto crítico no saving throw (#NerdDetected), porque o meu nível é alto.

As ovelhas negras como nós somos uma contradição. E como fazer sentido? Queremos ser iguais, confessamos. Mas é impossível. É como tentar esconder que rosas em um vaso não vão cheirar bem. Elas vão cheirar a adubo. E não dá pra passar por cima da essência, mesmo quando a essência tem tantas revoluções. Pelo menos umas 3 dias por dia, em média. 😉

Enfim, não adianta. Eu sou uma ovelha negra sim. Não só da família do meu pai, mas de todas.  Da minha, da sua. Assim como você, que é ovelha negra como eu, é a ovelha negra da sua família e da minha família também. Nós somos uma famílias de diferentes. E como é bom. Como é bom saber que eu não tô tentando ser a andorinha solitária que tentou fazer o verão. Que bom saber que eu tenho você acenando a cabeça do meu lado e dando aquele risinho que diz: Eles não mudam. 😉

E eu vou entender. E discordar, até. Mas você vai estar lá. Somos muitos. Somos milhares. Um dia, a gente consegue. E se não conseguir… Bom, a gente vai rir dessa besteirada toda de ovelhas e rebanhos, e ser muito feliz. Muito mais do que eles. Nós somos as pessoas de “elastic heart” da música da Sia.

E pra terminar, deixo o vídeo da música em questão. “Elastic Heart”, da Sia.

“E eu vou ficar acordado à noite
Vamos ser claros, não vou fechar os meus olhos
E eu sei que posso sobreviver
Andaria no fogo para salvar a minha vida
E eu quero, quero tanto a minha vida
Estou fazendo tudo o que eu posso
Então outra pessoa quebra a cara
É difícil perder o escolhido
Você não me destruiu
Ainda estou lutando pela paz
Tenho uma pele insensível e um coração de elástico
Mas a sua lâmina pode ficar muito afiada
Sou como um elástico até você puxar bem forte
Posso estourar e agir rápido
Mas você não vai me ver desmoronar
Porque eu tenho um coração de elástico” (Elastic Heart – Sia (Tradução) )

Abba, fortalece.

Maria Clara

Bridezillas, uni-vos

bridezilla1

“It’s a beautiful night
We’re looking for something dumb to do
Hey baby
I think I wanna marry you
Is it the look in your eyes
Or is it this dancing juice?
Who cares, baby
I think I wanna marry you
Well I know this little chapel on the boulevard we can go
No one will know
Oh come on girl
Who cares if we’re trashed
Got a pocket full of cash we can blow
Shots of patron
And it’s on girl
Don’t say no
Just say yeah
And we’ll go
If you’re ready, like I’m ready” (Bruno Mars – Merry You)

Olá minha crianças do meu coração pulsante!!!

Todos lindos? Aposto que sim 🙂

A novidade novidadeira? Estou NOIVA!!!

Vou parar aqui 5 segundos só pra você absorver isso.

É isso mesmo – desde do dia 02/04/15 eu sou, oficialmente, uma bridezilla. Mas o que diabo é uma bridezilla, você pode perguntar. E eu respondo: Tinha um programa na TV fechada, um reality, chamado “Bridezillas”, que em português virou “Noivas Neuróticas”. Era um programa de amor e graciosidade que mostrava o quão maluca pode ficar uma noiva planejando um casamento. Muitas vezes os casórios eram cancelados porque os noivos ficavam aterrorizados com a doçura e meiguice loucura total das suas noivas.

Ou seja, é claro que eu amava assistir só pra ver os barracos. #QuemNunca

Mas o termo Bridezilla pegou, e toda noiva enlouquecida é uma bridezilla. Claro que eu ainda não sou uma, nem deu tempo ainda, mas.. O processo começou. me salvem. #MEDO

Eu jamais imaginei o quão enlouquecedor pode ser a perspectiva de um casamento eminente. Ai de mim se eu não tivesse o meu *Pandinha e noivo* (Te amo, Amor ). Só ele pra aturar os estresses, as loucuras e ainda, depois de tanta loucura, querer casar comigo. E olha que a gente ainda está nos planos. Imagine quando chegarmos na fase de execução…

E eu não vou fazer festa. Como pode??

Mesmo assim, toda a chatice e loucura de familiares odiosos, gente chata se convidando pra festa inexistente e gente que exige que eu faça coisas que eu não quero fazer porque “como pode você não querer e não sonhar com isso blá blá blá whiskas sachê” já começou.

E não faz um mês que eu tô noiva. Acreditem se puder.

Como não ficar louca das dorgas com essa galera?

Gente, a noiva e o noivo já estão passando por uma pressão do caramba! Não pensem que só porque queremos passar o resto de nossas vidas juntinhos, que isso se torna um processo fácil. Muito pelo contrário! É agora que vemos que a nossa decisão foi correta ou não… É agora que percebemos como é dividir o peso das contas e das decisões, e escolher não sair no findi pra comprar a batedeira (sim, isso acontece com frequência). É a hora H da relação, e é por isso que muita gente acaba o noivado, ou vira bridezilla…

Eu não culpo as pobres moças do programa por enlouquecer, ainda que temporariamente. Eu as entendia na época, e e as entendo ainda melhor hoje. Eu quero fazer um jantar só pra família, pra receber as bençãos do pastor, de acordo com a minha religião (meu noivo não tem a mesma religião que eu, e aceitou isso de boas, ponto pro Pandinha ) e isso se tornou praticamente um motivo de guerra, porque “tem que chamar fulano”, e tipo, eu não quero chamar o fulano… Enfim, tudo é motivo pra endoidar os noivos, afinal de contas não é a pessoa que está enlouquecendo, sou eu. ¬¬

Imaginem a quantidade de brás que eu tive que dar só essa semana. Imaginem.

A troll que mora dentro de mim está vibrando de emossaummm, mas isso não quer dizer que eu estou feliz. Por isso eu apelo aos sem noção  – Deixem as noivinhas em paz! Nem todas elas tem a sorte que eu tenho de ter um noivo participativo (Outro ponto para o meu Pandinha, Vivaaaaaa  ) , e isso só torna as coisas mais cansativas, e irritantes, e enlouquecedoras. Acreditem em mim –  se você não encher o saco, fica bem mais fácil a noiva te convidar pra a mulesta do casamento. #ProntoFalei

Por hoje é só, mas prometo tentar deixar vocês atualizados com os processos do casamento e não só isso – eu também quero atualizar mais com as coisas que ando vendo e estudando, lendo… Afinal, a vida não é só casamento. Sei que ando meio sumida, mas isso é consequência das coisas da vida de adulto. Não chorem! kkkkkkkkkkkkkk

Inté =*

Abba, seja Tudo em mim.

Maria Clara

Escrita pra mim 47

 

Olá lindos e lindas!

Eu tava ouvindo umas coisas esses dias e resolvi ouvir essa música de modinha que é a Sia… E acabei me identificando muito. Pela liberdade do som, da letra, pela tristeza que ela passou (e eu também) e porque… Eu também, de vez em quando, gostaria de me balançar no chandelier. 😉

“Party girls don’t get hurt
Can’t feel anything, when will I learn
I push it down, push it down
I’m the one “for a good time call”
Phone’s blowin’ up, they’re ringin’ my doorbell
I feel the love, feel the love
1, 2, 3 1, 2, 3 drink
Throw em back, till I lose count
I’m gonna swing from the chandelier, from the chandelier
I’m gonna live like tomorrow doesn’t exist
Like it doesn’t exist
I’m gonna fly like a bird through the night
Feel my tears as they dry
I’m gonna swing from the chandelier, from the chandelier
And I’m holding on for dear life
Won’t look down, won’t open my eyes
Keep my glass full until morning light
‘Cause I’m just holding on for tonight
Help me, I’m holding on for dear life
Won’t look down won’t open my eyes
Keep my glass full until morning light
‘Cause I’m just holding on for tonight
On for tonight
Sun is up, I’m a mess
Gotta get out now, gotta run from this
Here comes the shame, here comes the shame
On for tonight
‘Cause I’m just holding on for tonight
On for tonight” (Sia – Chandelier)
Abba, só Você me faz sentir livre assim, pra subir no lustre.

Maria Clara

A[no]mor

“Um ano se passou, quase um ano e um mês. E nesse ano, de tantos planos, sonhos, conquistas e outras coisas pra nós, eu percebo o quanto você se mostrou pra mim, o quanto me ama, o quanto se preocupa. Os detalhes minúsculos que só você percebe! As coisas que você faz por mim, a sua preocupação, enfim, tudo que você e só você, do seu jeito incrível de ser, consegue fazer. Você consegue me encantar a cada dia mais. E nesse ano, que mal começou, que só tem 13 dias, eu me lembro dos nossos primeiros dias, e de como é tudo igual… Enfim, esse ano, mais um com você, eu declaro ser o ano do amor. Todos os anos serão. Todos os dias com você são. E porque os são, eu declaro que essa revolução de amar você é a melhor revolta popular que meu coração poderia fazer.

Nada melhor que passar os dias desse ano do amor amando você cada dia mais.”

Para o meu Honey, e toda a felicidade do ano que passou, e a felicidade do ano que começou. Ano do Amor, todo ano! 🙂

Abba, como te agradecer?

Maria Clara

Todos estão surdos

“Feliz Natal para quem acredita realmente que Jesus nasceu num dia 25 de dezembro de um ano qualquer. Pra quem não acredita e acha que é só uma forma de comemorar o evento numa data tradicional e de costume. Pra quem acha que é tudo invenção do cristianismo opressor e do capitalismo selvagem. E pra quem é ateu.

Feliz Natal pra você que votou no Aécinho, pra quem votou na Dilminha, e até pra quem votou em Henrique Alves.

Feliz Natal pra quem é Abecedista, quem é Americano, quem é Alecrinense e até pros Vascaínos.

Feliz Natal pra quem se lembrou de mim, quem se esqueceu, quem me odeia, quem me ama, e principalmente, pra tá CAGANDO pra mim. A indiferença é pior que o ódio, e isso eu aprendi na pele.

Feliz Natal pra quem falou mal de mim, que me acha idiota (mais da metade do meu facebook), quem me acha lesa, quem não me respeita, quem não me leva a sério, quem quer que eu me dê muito mal na vida só pra poder dizer: eu não avisei?, e principalmente, pra quem não tá nem aí.

Feliz Natal pra quem falou bem de mim, que me acha legal, que me acha inteligente, me respeita, me leva a sério, quer que eu cresça e me ama. O que eu seria se não fossem os poucos desejos bons vindos de vocês?

Feliz Natal pra quem nem leu isso. E pra quem leu também.

Feliz Natal pra quem sofre. Pra quem é feliz.

Não me importo se você não acredita ou não comemora Natal, não me importo se você acha que é a época de maior falsidade do ano. Não me importo mesmo, de verdade. Quero que você seja feliz. Hoje, pelo menos.

Hoje eu quero me lembrar do meu Melhor Amigo, que disse pra nos amarmos mais, que queria apenas que ‘as pessoas fossem legais umas com as outras para variar’ e acabou morrendo por isso. Ele só queria que as pessoas se esquecessem das suas enormes diferenças e caminhassem pra superar a terrível semelhança que nos une: Somos pequenos seres de vida curta andando para um fim que não sabemos.

Meu Amigo, hoje (e nem que seja só hoje), eu quero amar as pessoas do jeitinho que Você me ensinou. Eu quero ao menos tentar.

‘Tanta gente se esqueceu
Que o amor só traz o bem
Que a covardia é surda
E só ouve o que convém
Mas meu Amigo volte logo
Vem olhar pelo meu povo
O amor é importante
Vem dizer tudo de novo
Um dia o ar se encheu de amor
E em todo o seu esplendor as vozes cantaram.
Seu canto ecoou pelos campos
Subiu as montanhas e chegou ao universo
E uma estrela brilhou mostrando o caminho
“Glória a Deus nas alturas
E paz na Terra aos homens de boa vontade”
Tanta gente se afastou
Do caminho que é de luz
Pouca gente se lembrou
Da mensagem que há na cruz
Meu Amigo, volte logo
Venha ensinar meu povo
Que o amor é importante
Vem dizer tudo de novo’ (Roberto Carlos – Todos Estão Surdos)

Feliz Natal, Feliz Hanukkah, Feliz Dia de Mitra, Feliz Fogueiras Pagãs, Feliz Dia do Capitalismo Opressor.

Feliz Hoje, porque o amanhã se pertence!!

Abba, alumia.

Maria Clara